A cannabis medicinal dos 3.000 voluntários não será paga pelos contribuintes: as empresas vencedoras dos concursos lançados pela ANSM comprometeram- se a fornecer e distribuir “gratuitamente [os] medicamentos”, indica a decisão da Agência do Medicamento . Uma solução certamente econômica para as finanças públicas, mas que não agrada aos deputados que integram a missão de averiguação.

“É uma preocupação para nós, porque permite que esses fornecedores coloquem o pé na porta de uma possível generalização do tratamento, o que viria a matar o mercado antes mesmo de podermos trazer um setor francês”, lamenta Robin Reda . Se a cannabis medicinal fosse legalizada, 700.000 pacientes poderiam se beneficiar dela na França, de acordo com a estimativa publicada no relatório da missão de informação sobre a cannabis. Não no momento. O próximo passo é aguardar a validação ou não do experimento pelo poder legislativo ao final dos dois anos de testes. “Estamos em debates diferentes: os debates sobre a cannabis recreativa são mais complexos e mais divididos, é um processo que vai demorar mais do que para a cannabis medicinal” , juiz Robin Reda.

O deputado não deixa de referir que, segundo um inquérito publicado em abril de 2019 pelo Observatório Francês da Droga e da Toxicodependência , mais de 9 em cada 10 franceses (91%) disseram ser a favor da cannabis terapêutica, enquanto um pouco mais de um em cada dois entrevistados (54%) disseram que se opunham à legalização geral da cannabis. A cannabis medicinal pode ser desviada para fins recreativos? Nicolas Authier não acredita. “Exceto as flores secas mais ricas em THC, os medicamentos retidos pela Agência do Medicamento não são particularmente adequados para o consumo de quem usa a cannabis como estupefaciente”, avalia o psiquiatra, que reconhece que tudo e salvaguardas terão para ser colocado no lugar.

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